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A história do Zé Povinho

Todos os Portugueses já ouviram a história do Zé Povinho, mas contato na primeira pessoa pelo nosso colaborador Manuel Smith tem outro sabor, uma vez que José Peres personagem que inspirou a criação desta referencia Portuguesa no Mundo era tetravô de Manuel Smith pela parte do pai…

José da Fonseca Peres, uma figura típica de Abrantes dos finais do século XIX que inspirou Rafael Bordalo Pinheiro conhecido maçon na criação do Zé Povinho. O traje que usava e a sua fisionomia revelaram-se aos olhos de Rafael Bordalo Pinheiro para a criação de uma figura popular que viria a fazer sucesso no jornal A lanterna Mágica, em 1875.

Conhecido em Abrantes pelo Zé Peres, ostentava um corpo robusto, de rosto largo que era realçado pelas suas patilhas, testa alta, lábios finos e de nariz um pouco arrebitado. Os seus olhos pequenos tinham uma expressão de serenidade e firmeza mas que impunha um certo respeito. Homem de poucos movimentos, característicos por uma certa harmonia e excelência, fumava charuto, usava um chapéu de abalroar, de borla ao lado, um colete com botões nas mangas feitos de peças de cinco escudos e alfinetes de ouro, camisa sem gravata que usava abotoada no pescoço e punhos com moedas pequeninas de ouro, calções apertados por uma cinta de seda e botas de couro preto de canos altos – era o seu traje solene.

O do dia-a-dia apenas diferia nas moedas que utilizava que eram de prata.
Era uma pessoa com poucas habilitações mas culto. Apesar de não ser muito dado à leitura tinha uma boa biblioteca nos fundos da sua cavalariça. Comprava frequentemente livros novos, mas desde que tivessem uma boa capa, gravada a ouro na lombada, para fazer vista na sua prateleira da biblioteca. Uma vez perguntaram-lhe porque só comprava daqueles livros, ao que respondeu: “pois, é para que toda a gente saiba que eu tive dinheiro para os comprar!”

Certo dia deslocou-se a Lisboa, ao Ministério das Obras Públicas para cobrar uma dívida de uma obra de construção do Caminho de Ferro do Leste, com o seu fato de gala e o inseparável pau de marmeleiro. Como era ainda muito cedo, e não havendo bancos por perto, Zé Peres aproveitou a presença de um engraxador para aguardar pela abertura do ministério. O engraxador ganhou com o seu descanso uma boa gorjeta de 500 reis.
Nessa altura a hora de entrada no Ministério era às oito da manhã. Foi assim a essa hora que Bordalo Pinheiro, que trabalhava na Câmara dos Pares, se deparou à entrada do seu trabalho com a figura de Zé Peres que não passou despercebida ao olhar crítico e artístico do humorista.

Bordalo Pinheiro ter-se-á aproximado e observado durante algum tempo da figura de Zé Peres, tendo de seguida entrado para o edifício do Ministério.
Algum tempo depois, o vizinho de José Peres, Ludgero Soares Moreira, terá recebido a revista A lanterna Mágica que ao folhear se deparou nas páginas centrais com uma caricatura que lhe pareceu de imediato com a imagem de seu vizinho Zé Peres. Após soltar uma gargalhada abriu a janela que dava para a porta da loja onde Zé Peres normalmente estava e em voz alta mostrou-lhe o jornal referindo que a sua fotografia vinha lá.

Zé Peres mostrando-se interessado observou atentamente a caricatura, confirmando que estava muito parecido consigo. Pediu então ao vizinho informações sobre quem o desenhou, ficando assim a saber que teria sido Bordalo Pinheiro, um caricaturista de Lisboa, tendo-lhe Ludgero indicado também a sua morada.
Passados dois dias, Zé Peres volta a Lisboa, com as suas vestes de gala e como sempre de pau de marmeleiro na mão.
Ao bater à porta da casa de Bordalo Pinheiro recebeu-o a empregada que, após ver que Zé Peres vinha acompanhado pelo pau de marmeleiro, não lhe abriu a porta e informou-o que não sabia se o seu patrão estava.

Bordalo Pinheiro ao se aperceber que era a figura com quem se tinha cruzado e que era o seu Zé Povinho exclamou para a empregada: “Temos sarilho! Ora esta! Olha, diz à velha, diz –lhe  que já sai”. Ao que a empregada, sem abrir a porta lhe diz “O Senhor Bordalo Pinheiro já saiu”.
Zé Peres que tinha ouvido, responde então “Com que então o senhor Bordalo Pinheiro saiu?! Pois eu espero aqui que ele regresse a casa!” E assim se sentou nas escadas, impedindo a passagem e fumando o seu habitual charuto.

Bordalo Pinheiro ficou assim impedido de sair de casa uma vez que não tinha outra saída. Passado meia hora, já perto das oito horas da manhã, hora de início do trabalho de Bordalo Pinheiro, Zé Peres continuava impávido e sereno à espera.
Vendo que não havia outra saída, Bordalo Pinheiro decidiu-se a enfrentar o homem de figura austera que o aguardava à porta de casa. Ao abrir a porta Zé Peres barra-lhe a passagem com o seu corpo de forte porte, deixando Bordalo intimidado ao ser abordado por aquele homem de pau de marmeleiro na mão e que com tom lento mas severo lhe diz: “Ora eu bem sabia que estava em casa, Senhor Bordalo Pinheiro”.

Bordalo, receoso, pergunta a Zé Peres o que o levava a querer falar com ele, ao que este, de um modo calmo tirou o jornal do bolso e abrindo o jornal nas páginas centrais perguntou, apontando de um modo severo “Quem fez isto?”. Bordalo Pinheiro já um pouco nervoso respondeu que foi ele mas que não o terá feito por mal. “Essas coisas nunca se fazem por mal!”, foi a resposta de Zé Peres, enquanto dobrava o jornal e o voltava a colocar no bolso. Nesta altura já Bordalo Pinheiro estava a aguardar que o indivíduo se voltasse para ele e utilizasse o pau de marmeleiro. No entanto, Zé Peres dá um jeito no seu chapéu até à nuca e mantendo o marmeleiro na mão direita, abre os braços e diz: “Ora venha de lá esse abraço, porque eu venho aqui só com o fim de lhe agradecer.”

Bordalo Pinheiro ficou de tal modo aliviado que já nem se preocupou em cumprir com o horário de entrada no ministério, fazendo entrar em sua casa Zé Peres. Estabeleceu laços de amizade com Zé Peres que ficou assinante gratuito de todos os jornais de caricaturas publicados por Bordalo Pinheiro.

Foi assim que Bordalo Pinheiro se inspirou em Zé Peres para a criação do símbolo do Povo Português – A história do Zé Povinho.

About the Author
O Hugo é uma pessoa extremamente comunicativa que adora viajar e ama o que faz. Ainda jovem começou a trabalhar como taxista na cidade de Lisboa que fez com que ficasse a conhecer a cidade e o País como ninguém e para além disso ganhou um gosto especial por comunicar quer seja com as gentes locais ou com muitos turistas com que se cruzada em cada dia. No entanto a vontade de saber mais e dar asas ao que realmente gostava de fazer, decidiu voltar a estudar Turismo na melhor escola de Turismo em Portugal e mudar toda a sua vida para fazer aquilo que realmente gosta, dar a conhecer o seu pais ao Mundo de uma forma genuína e autentica.